18.12.07

The shape of things to come



Os detractores de Oscar Niemeyer dividem-se em duas categorias: os que, à boleia de ser comunista, atacam a sua arquitectura, e os que por não gostarem da sua arquitectura o xingam por ser comunista. Os primeiros são, digamos que, estúpidos. Os segundos são apenas burros, já que fragilizam um insulto razoável com uma fundamentação de mau gosto. É claro que as obras de Niemeyer têm o seu traço de totalitário. É claro que um mundo desenhado exclusivamente pelo vencedor do prémio “Estaline da paz” seria um mundo insuportável. É claro, pois, que a arquitectura do mestre não é ajustada à normalidade do dia-a-dia. So what. A desproporção liberta. Ao lado dos edifícios de Niemeyer, o homem sente-se diminuído mas livre. Sabe que os seus actos, por comparação, pouca importância hão-de ter. É um estranho numa terra estranha. Um figurante numa história de H. G. Welles ou Robert Heinlein. O humanismo arquitectónico é bom de seguir em casas de banho e cozinhas. No espaço público, na vastidão do Planalto Central, prefiro dimensão e a beleza clássica da simetria. E nisso, o velho Oscar é imbatível.